Amor Inocente
Sim, a ti construiria mais versinhos
Que os de outrora, de meus tempos de menino
E os faria enfileirarem bem juntinhos
A se espremerem em um livro pequenino
Ou se quisessem todos eles se esticar
E de discursos de amor fossem longuinhos
Teriam tanto a se dizer também sozinhos
E tão mais fácil seriam de se admirar
Os primeiros vindo um tanto acanhadinhos
Chegando tímidos, abrindo um pouco a porta
E os finais ostentando três pontinhos
Porque, além de um suspiro, pouco importa
São travessos sempre mudando de forma
Ora grafados, ora bem desenhadinhos
Sendo em boca a boca ou sendo em papeizinhos
Nunca pedem muita regra ou muita norma
Podem andar por gramados bem verdinhos
Cantando e festejando em sintonia
E, quem sabe, se embrenhar aos passarinhos
Voando livremente noite e dia
Se fazem de finos e comportados
E embora às vezes sejam bem quietinhos
No fundo bradam gritos alegrinhos
Quando encontram a quem serem dedicados
Estes versos os faria redondinhos
Muito embora sem a rima por enquanto
Se a teu coração não acham os caminhos
Só me resta escondê-los n'outro canto
Outros versos talvez sejam mais pomposos
E saibam se mostrar bem espertinhos
Mas, prometo, os meus não serão mesquinhos
Virão sempre honestos e atenciosos
Sabe Deus se terminam bonitinhos
E se valeu a pena fazê-los crescer
Mas, sim, a ti faria ainda mais versinhos
Mesmo que agora ainda não possa a ti querer